sábado, 14 de abril de 2012

Para gostar de ler

Sentir gosto, ouvir, conhecer o frio e o quente, cheirar, ver. O escritor e cartunista Ziraldo acha que ler e escrever deveria ser encarado assim, como um dos sentidos do ser humano. “Poder escrever o que sente e entender o que lê é tão importante quanto”, afirma. E ele não está falando de alfabetização, de juntar sílabas, saber pronunciá-las e entender do que se trata. Mas, sim, do efeito de ler: ser surpreendido, refletir depois, querer contar para os outros. “O livro infantil desperta o gosto pela leitura” diz o cartunista. Tanto nas crianças quanto nos adultos.

E por que a leitura não pode dar prazer à criança, como assistir à TV, falar no MSN, ouvir iPod e jogar no computador? O verbo “precisar” pode ser uma explicação. Dificilmente ele se dá bem com o substantivo “prazer”. Pois um tem obrigação embutida, o outro, escolha. Imagine se obrigássemos as crianças a comer chocolate ou pipoca, jogar futebol, dançar, dar risada...

Por mais esquisito que pareça, prazeres precisam ser apresentados. Você precisa ter acesso, provar e gostar, ou não. Por que as crianças preferem outras atividades, em vez de ler? Será que elas têm livros disponíveis? Há algum adulto – aquele que a criança adora imitar – por perto delas que ame os livros? Se você sabe que livro é importante mas se perdeu nos argumentos, continue a ler esta matéria. Você já se deu conta do que há no mundo da literatura? Ele nos dá abrigo, refúgio, medo, conforto, mais dúvidas, novidades, frio na barriga... É lá que redescobrimos que não somos máquinas: temos sentimentos – bons e ruins. O mundo da leitura é tão rico que as crianças vão querer ler tudo e ficar com gostinho de “quero mais”. E uma boa notícia: como todo hábito, é melhor que seja desde cedo, claro, mas nunca é tarde para começar.



(Extraído da revista Crescer, Junho 2007)